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Smiley face

Entrevista: Martin Freeman

Forte e ficando grisalho nas têmporas, Martin Freeman está enroscado em uma cadeira no clube de entusiastas de Sherlock, a versão moderna da famosa história de detetive, em West End.

O ator interpreta o Dr. John Watson, um médico do exército invalidado no Afeganistão e colega de apartamento do gênio arrogante Holmes, um "detetive consultor" que ajuda a polícia quando eles não sabem o que fazer.

"John Watson é bastante confiável e tradicional e empresta o suporte moral a Sherlock, que está mais interessado na caçada do que nos conceitos de certo ou errado," diz Freeman.

Mas, apesar da sua vontade de falar sobre seu mais recente papel, o ator que ficou famoso interpretando o tipo bacana Tim Canterbury, no sitcom da BBC The Office, parece ser uma dessas criaturas incomuns: um ator sem um ego enorme e influenciado-pelo-estilo-de-vida-de-celebridade e que é capaz de rir de si mesmo.
Ele não dirige ("Nunca tive nenhuma aula. Tem coisas melhores pra se gastar dinheiro"); sua indulgência principal é a coleção de discos de vinil de Motown; e ele live em Hertfordshire com sua parceira, a atriz Amanda Abbington, com seus dois filhos, Joe e Grace. É sabido que eles tem cinco e um anos, mas ele declina e confirmar as idades.
"Obviamente eles são o meu maior orgulho, mas quando eu cresci eu achava que todos os atores era [reservados] como de Niro. Tudo o que eu li sobre ele é que gosta de mulheres negras. Hoje em dia você precisa saber tudo e isso é tedioso. 
"Eu posso ser tão frívolo como qualquer outra pessoa, mas eu prefiro não fazer carreira sendo celebridade. Quando vou a um evento do showbiz, são quatro horas perdidas da minha vida. Se as pessoas fazem barulho por minha causa, eu penso 'Você deveria sair mais'. Eu não tenho uma auto-estima espetacularmente baixa, mas não sou iludido. O que me importa é o que vale à pena.
"Eu pensava que os atores não fossem confiáveis até sair com alguns comediantes de stand-up. Eles são patologicamente egocêntricos e nos fazem parecer pessoas tímidas e abnegadas, em comparação. Eu não quero ficar entre pessoas que não conseguem se calar. Acho que eles são inseguros, mas não o é todo mundo - a menos que seja um louco ou chato?"
Freean começou sua carreira em filmes de baixo orçamento e episódios de The Bill, This Life e Casualty até o sucesso de The Office, em 2001. No início, ele temeu ficar injustamente estereotipado em personagens como Tim - fracassados apaixonados- mas agora ele já se reconciliou. "Por que lutar contra? Me ajudou bastante e eu estou resignado em ser eternamente perguntado sobre isso. Pelo menos não me socaram a cara por ter sido um vilão de novela."

Mas ainda que ele tenha atuados em filmes financiados pelos EUA - incluindo interpretar Arthur Dent em O Guia do Mochileiro das Galáxias - ele não pegou a rota para Hollywood como o criador do The Office, Ricky Gervais. "Não me surpreende que ele tenha se saído bem. Eles gostam de audácia e do que eles entendem como humor britânico, falando diretamente, ironia e sarcasmo. Ele sempre navegou com o vento, então bom pra ele. Eu sonhei com uma carreira em Hollywood quando era um garoto de 18 anos sentado na banheira, mas sonhos e realidade são bastante diferentes.
"Eu achava ingenuamente que se eu fosse bom aconteceria, mas eu senti pavor quando visitei Hollywood pela primeira vez em 2004, quando The Office ganhou o Globo de Ouro. Aquilo lá não é nem mesmo os EUA, está em seu próprio planeta. Eu chamei a atenção deles um pouco agora, mas a logística não serve pra mim - eu sou inglês, tenho uma família e gosto daqui. Graças a Deus, me restam ainda alguns anos, então eu não sei o que irá acontecer. Mas você precisa estar emocionalmente preparado para deixar sua vida, e eu não estou.
"Se eu começar a gostar daquilo lá fora, acho que eu enlouqueceria mais do que vibraria e tiraria um peso das costas. Eu me dei pesos. É uma maneira de me manter direito. Tem um lado em mim que diz, "A vida não é sempre ótima. Mantenha-se atento."
Isso pode ser resultado de sua infância. Nascido o mais novo entre cinco irmãos e crado em Teddington, oeste de Londres, seus pais se divorciaram quando ele tinha cinco anos e seu pai morreu de ataque do coração quando ele tinha dez. Doença de Perthes, uma doença infantil que atinge as ancas, significava que ele andaria mancando.
"Isso só foi me atingir mesmo mais tarde. Aos dez eu era muito novo, tinha uma perna direita duvidosa, asma, meus pais eram divorciados e meu pai estava morto. Havia um aspecto de Pequeno Tim em mim, mas eu não queria que as pessoas sentissem pena de mim."

Assim que melhorou, ele se tornou um talentoso jogador de squash e participou do torneo nacional, mas desistiu aos 14 anos. "Eu não tinha disciplina. Foi muito rápido do prazer ao trabalho, então se tornou um emprego e não era mais divertido. Atuar ainda era divertido, graças a Deus. Não jogo squash há mais de 20 anos e eu teria um ataque do coração se jogasse."
Aos 15, ele se juntou ao teatro jovem de Teddington. "Era um válvula de escape para o meu exibicionismo. E ainda, eu achava que poderia trazer abaixo o governo de Thatcher com o poder da minha atuação. E eu fiz isso. Meros cinco anos depois ela se foi. Me diga se foi coincidência. Acho que eu esperava que atores pudessem ter alguma influência."
Longe de ser um franco Cara Legal, Freeman admite com um sorriso de prazer possuir uma raiva interna e ter sido ativista político na juventude. "Eu vendia o Militant [um jornal do Partido Socialista] na rua. Minha política se dissipou na raiva - contra nada em específico, mas por muitas coisas, muitas pessoas. Raiva é uma ferramenta útil. Não estou falando de quebrar a cabeça das pessoas, e também nunca quis ser político. Ficaria apavorado. É só você dar um nome [para algo] e eu boicotaria."

Provavelmente isso também incluiria o casamento. "A sociedade moderna é tão informal, mas me perguntam tanto sobre o por que de eu não ser casado tanto quanto perguntam sobre The Office. Eu acredito no amor acima de tudo - mas isso não significa casamento. Se você olhar pra isso como um propósito de negócios, a evidência não será muito boa. Eu tenho visto casais que são muito felizes durante anos e, seis meses após se casarem, acaba tudo."

Leia a entrevista com a esposa de Martin, Amanda Abbington, com várias curiosidades de bastidores!

Originalmente, Sherlock era um piloto de 60 minutos, mas foi rejeitado, (em um custo alegado de £800,000) em favor de três episódios de 90 minutos. "Eu amei o piloto e pense 'por que mexer nele?' mas os novos roteiros são alguns dos melhores que já fiz. Benedict é um Sherlock brilhante. É para o horário nobre e tem um toque populista, sem ser uma bosta."

Ele não se desculpa por louvar este mais recente drama britânico. "Somos um país estranho - culturalmente e politicamente - nós não nos festejamos. Ricky Gervais disse que não fazemos um bom filme há 50 anos, então ele não é uma das pessoas mais apoiadoras

"Por mais que nós respeitemos Ken Loach ou Peter Greenaway, mesmo as pessoas mais espertas, que já deveriam compreender melhor as coisas, ficam empolgadas quando Tom Cruise chega. É Beatlemania; coisa de meninas.

"Eu nunca disse que a comédia britânica é a melhor do mundo, porque eu não acho que seja. Vai me dizer que os Marx Brothers, Sid Caesar e Harold Lloyd não eram engraçados? Há milhões de americanos com muito mais dinheiro - e também sendo as pessoas mais criativas e desesperadas no mundo - então não é nenhuma surpresa que eles tenham influência cultural. Mas é decepcionante quando o talento local é negligenciado em favor de alguém com o dente mais branco.

"Se um ator tem uma enorme conta bancária e 53 carros, bom pra eles. São ótimas pessoas de negócio, mas seus trabalhos podem não significar nada. Eu tenho muito mais em comum com Tom Courtneay - uma das pessoas que me fez querer ser um ator quando eu era criança - do que com alguém que pode comprar o planeta Terra quatro vezes."

Freeman tenta ser escrupuloso ao escolher seu trabalho. "Eu sempre me pergunto, 'Quão honesto você está sendo aceitando esse emprego?'. No meu leito de morte, quero saber que fiz a coisa certa, então eu rejeito muitas coisas. A vida é muito curta pra ficar fazendo merda. As coisas de que mais me orgulho de não terem sido amplamente vistas como The Robinsons [uma série de seis episódios da BBC2, sobre um avaliador frustrado] e Nightwatching.

Se você pode se gabar de ser admirado por mais de 53 pessoas em um trabalho do qual você se orgulha, então você está vivendo [bem]. Sherlock está nessa categoria. A menos que eu estrague tudo..."



Fonte: http://readersdigest-au.cbench.att-dsa.net/interview-martin-freeman-dr-watson

5 comentários:

  1. Que entrevista subjetiva, parece mesmo uma conversa, nada de perguntas e respostas diretas. Martin é ótimo, gostei das coisas que ele falou. Pareceu-me muito sincero e ,como disse, nada iludido com a fama.

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  2. Pois é, é praticamente um perfil de Martin! Também admiro bastante, muito lúcido e maduro. Estamos pra traduzir uma entrevista com Una Stubbs, Louise Brealey e Lara Pulver onde elas contam também que ele é o rei das piadas sujas nos bastidores! :)

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  3. Também gostei muito da entrevista! Isso que ele disse sobre a raiva que ele mantém "direcionada" (ou seria "controlada", ao melhor estilo Bruce Benner?), nós podemos perceber claramente na forma irônica e direta como ele responde às perguntas em entrevistas ao vivo. É como se ele quisesse dizer "O que vc tem a ver com isso", "Quem se importa (com isso)?". Apesar de parecer uma pessoa muito doce às vezes, não deve ser muito fácil viver com ele... :-)

    Mas eu sou uma admiradora do seu trabalho, da forma como ele interpreta seus papeis, sempre tão... verdadeiro! Naquele momento, vc acredita que ele é, de fato, o personagem!

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  4. É verdade! E ele sempre faz os tipos mais dóceis. É curioso como, na vida real, Freeman é mais sério e crítico e o Cumberbatch - que faz uns tipos singulares - é mas dócil. Você costuma esperar que seja o contrário.

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