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Em visita realizada ao set de filmagens em Bristol, um grupo de jornalistas conversou com Martin Freeman sobre o Episódio Especial de Sherlock na Era Vitoriana ...

Abaixo, a gente deixa vocês com a entrevista realizada com Martin Freeman

Como é interpretar John Watson na Era Vitoriana? É de alguma forma diferente do habitual?

É um pouco diferente. Você altera a forma como está fazendo, mas de forma bem amena. O plano não era apresentar um personagem totalmente diferente ou uma versão pastiche dele, mas pequenas alterações fisicamente e vocalmente falando. Há um cuidado em não parecer muito casual ou utilizar um discurso moderno, suponho. As falas são um pouco mais formaais o que acaba, inevitavelmente, fazendo com que você fale de forma mais correta.

Além disso, é mais a novidade de colocar uma engrenagem diferente, diferentes adereços e um 221B fora do que estamos acostumados. Também tem o bigode e o cabelo e tudo mais.

O que você está achando do traje?

É bom, é um pouco frustrante, porque você não pode vestir-se sozinho. Você precisa de ajuda - é por isso que as pessoas tinham mordomos, acredito eu. Isso é um pouco frustrante, mas eu adoro o resultado final, eu realmente adoro as roupas.

Qual é o seu entendimento sobre a razão pela qual Steven [Moffat] e Mark [Gatiss] decidiram fazer isso?

Eles disseram algumas vezes, desde que voltamos ao set, que finalmente estamos fazendo isso corretamente! Nós estamos fazendo uma versão correta, por fim!
E eu acho que é a) porque eles podem, e b) porque é bom para tentar algumas mudanças, eu acho. Obviamente que ainda se encaixa no âmbito do que as pessoas pensam de Sherlock Holmes. É originalmente uma história vitoriana, obviamente e é assim que as pessoas estão mais familiarizados em vê-lo. Eu acho um tanto quanto engraçado que as pessoas agora tem uma visão da história ambientada no século 21 e que agora nós iremos voltar ao tempo e adicionar algo lá também.

Ninguém pergunta mais sobre Sherlock se passar nos dias atuais, porque todo mundo já está acostumado com isso?

Não, não perguntam. Acho que saiu pela janela já na primeira temporada, porque logo ele se tornou seu próprio animal.

Será que o período em que passa a história muda a dinâmica entre os seus dois personagens?

Pode alterar um pouco. Acho que uma das coisas que as pessoas que realmente amam Conan Doyle gostam sobre a nossa adaptação é que não é muito como a do Nigel Bruce. Eu amo Nigel Bruce - que foi, inclusive, uma das primeiras adaptações de Holmes que eu assisti e eu absolutamente amo os dois personagens e a relação de ambos, mas [o Watson dele] era muito mais capaz suponho eu, como nos livros.
Ele é um homem muito capaz, e seria a pessoa de destaque no recinto se não fosse por seu amigo. Então, ele ainda é isso, ele ainda é um soldado, ainda um militar, ele ainda é capaz, mas eu acho que por conta da formalidade atribuída à época e ao episódio, acaba o alterando um pouco.

Quero dizer, obviamente, a era vitoriana obviamente não foi há 5mil anos atrás, as pessoas ainda estão fazendo as mesmas coisas [que faziam] umas com as outras agora, mas.. estão encontrando formas um pouco mais educada de fazê-las, como convém. De modo que pode alterá-lo um pouco, embora eu ainda tenha a minha versão e ele definitivamente tem a dele, que é reconhecível para a versão de Steven e Mark.

Pressupõem-se que, na era vitoriana, o relacionamento de John com Mary esteja mudado?

Mais uma vez, acho que o que muda é a expectativa dele e do mundo de a) como uma mulher normalmente se comportaria na Era Vitoriana e b) especificamente como Mary Watson se comportaria? Afinal de contas, na nossa versão foi revelada que ela era uma assassina internacional [risos].

Acredito que em 1895, essa situação seria ainda mais rara para uma dama e, principalmente, para a esposa de um médico, ao contrário do que acontece agora, quando você pode ser o que você quiser. Naquela época, era mais provável você acabar como esposa e dona de casa. Então, o relacionamento talvez esteja um pouco mudado nesse episódio, mas sem parecer muito estúpido, isso também não. Eu não quero revelar muita coisa, mas digamos que tem muito mais coisas escondidas abaixo da superfície.

Então, as atitudes de John frente a Mary não regrediram?

Bem, as atitudes de John podem ter mudado como seria de convir a um homem dessa época... ele certamente não está esperando que a esposa seja uma assassina internacional! E talvez ela nem seja uma nessa versão. As expectativas dele naquela época seriam diferentes. Se o John moderno ficou completamente atordoado quando descobriu o que a sua mulher era, acredito que a reação do John vitoriano seria ainda pior.

Ele é um homem um tanto quanto moderno para a vitoriana, então?

Acho que sim. Além disso, existem elementos da era vitoriana que eram absolutamente modernos e comuns a nós nos dias de hoje. Tendo isso em conta, historicamente falando, seria como há cinco minutos atrás, não tão distante assim, mas com a diferença de que as pessoas falavam um pouco mais adequadamente e usavam essas merdas de camisas [risos]. Essencialmente, eles ainda são como nós.

O Watson vitoriano reverenciava muito o Holmes. Será que veremos no especial Watson ficar irritado com Holmes da mesma forma que vemos nas temporadas modernas?

Esta talvez seja a ligeira diferença entre o nosso Watson moderno e este. Não dá pra imaginar ele se escondendo, temendo alguém porque há mais nele que isso. O Watson vitoriano, o original, foi muito mais generoso em seu julgamento sobre o seu amigo é um gênio do que o Watson moderno é. O Watson moderno definitivamente acha que seu amigo é um gênio, mas também um grande pé no saco [risos]. Acredito que a diferença de um para o outro é que o vitoriano provavelmente teria mais paciência.

Eles estão mais para Holmes e Watson do que para Sherlock e John?

Você cuide da sua vida, ok? [risos] Isto tá parecendo com o último apelo de Richard Nixon, porque fomos informados para "Não dizer nada! Negue tudo, Baldrick!"
Então, sim, possivelmente.

Mas é só porque eles se tratam como Sherlock e John na série atual?

Sim e certamente porque a forma como eles se tratavam nas histórias originais era mais 'Holmes' e 'Watson', então vamos ver um pouco mais disso.

Você sentiu a necessidade de voltar aos originais de Conan Doyle por conta desse episódio, por se tratar da adaptação mais fiel?

Bem, eu estou bastante familiarizado com eles agora. Eu ouço muito [audiobooks] quando estou viajando ou indo dormir. Eu gosto de ouvir as histórias.

Como parte de sua preparação para interpretá-lo?

Sim. Na verdade, só agora, porque eu não o fiz quando tinha 11 anos de idade, fiz como um homem adulto. Eu descobri o prazer de ler Conan Doyle muito depois de um monte de gente o fazer, então agora eu faço isso por prazer, mas também acaba por ser a lição de casa. Porque eu realmente não gosto de dever de casa e eu não sou muito bom nisso, mas felizmente, é uma coisa agradável. Mas isso inevitavelmente se encaixa no meu universo de atuação.

Como você diria que este episódio trabalha as diferenças entre a série moderna e a vitoriana? É muito notório, subvertendo o que você tinha antes?

Existem diferenças inevitáveis entre a maneira que nós vemos, não só o nosso mundo, mas os personagens desse período. Se você acompanha a série, você está acostumado com a forma como eles interagem e há pequenas diferenças entre a forma que eles interagem agora e como teria sido na virada do século XX, época em que o episódio acontece.

Há muita ação e perigo e ainda é muito, muito inteligente. Ainda é uma série ágil, não há nenhuma possibilidade de parecer monótona por se passar na era vitoriana. Ainda é a nossa versão, com os diálogos um tanto diferentes, mas fora isso, não sinto como se estivesse interpretando um personagem completamente diferente.

Isso não mostra o quão fiel à obra original a série é, visto que vocês tiveram que mudar tão pouco no episódio especial?

Pode ser. Acho que é exatamente isso que faz com que muitos aficcionados pelo trabalho de Doyle curtam tanto a série. E eles poderiam muito bem ter odiado. Eu poderia ter odiado! Havia coisas que estavam praticamente implorando para serem odiadas [risos]. Acho que só o fato da série ter sido escrita por duas pessoas que tratam a escrita de Conan Doyle como algo sagrado, se mantendo fiéis, mas sem ser servil, é algo que faz com que as pessoas realmente gostem do resultado

Do meu ponto de vista, eu não tenho nenhum interesse, como ator, em interpretar alguém que é quase como uma estátua assistindo a outra pessoa ser admirada, nenhum interesse mesmo! Dessa forma, interpretar um personagem que é tão capaz e quase equiparado ao personagem principal é o que eu estou interessado. E isso parece ser o que os fãs mais curtem.

Há algo de perverso/travesso em fazer esse episódio ainda mais quando o último episódio terminou com aquele grande gancho para a próxima temporada?

Provavelmente. Mas sempre nos divertimos com esses suspenses que ficam no ar, simplesmente confundindo as pessoas, mas não de forma que comprometa a trama. Eu também sou um grande apoiador da ideia de não dar as pessoas o que elas querem... por que deveríamos fazer isso?

Além disso, as pessoas acabam por conseguir o que querem, mesmo sem saber que era aquilo o que queriam, pois acreditavam querer outra coisa. Houve resistência sobre a terceira temporada entre os fãs mais aficionados. Com cinco minutos do primeiro episódio, muitos falaram "Ah! Não está tão bom quanto antes" e depois de alguns meses assistiram novamente e então…

Eles são cativados?

São. Eu sempre fui da opinião de que: se é algo que eu não estou envolvido, seja música ou televisão ou cinema ou livros ... deixe o artista fazer o que quer. Eu nunca pensei que deveria ditar sobre o álbum que determinado artista irá fazer, porque aí ficará a meu critério gostar ou não e, inevitavelmente, vou acabar seguindo essa pessoa para ver se vou curtir o resultado. No final, você quem irá decidir se vai seguir o trabalho ou não.

Eu não acho que tenhamos perdido muitos fãs. Até mesmo as pessoas que estavam naquela de 'a terceira temporada será tão boa quanto as anteriores? A dinâmica com Mary Morstan mudou as coisas?' no final das contas acabaram gostando.

As pessoas só ficam com raiva quando estão realmente envolvidas com aquilo

Exatamente! São justamente esses os que ficam com mais raiva! Eles são sem sombra de dúvidas as pessoas que mais nos odeiam...

Aqueles que assistem a série o tempo todo ...

Mark Chapman*, senhoras e senhores! Ele não era um fã do Kinks, ele era um fã dos Beatles, ele era muito fã dos Beatles.

* pra quem não sabe, Mark Chapman foi o assassino de John Lennon

Você acha que teria querido fazer um Watson na Era Vitoriana se a série toda se passasse nesse período?

Gostaria, se o roteiro fosse tão bom quanto o que temos . Eu era um pouco resistente a série justamente porque era moderna. Antes de ter lido, eu pensei 'Hum, um Sherlock Holmes moderno, isso pode ficar...". Poderia ficar uma grande porcaria!!! Porque a maioria das coisas simplesmente o são, independente de serem modernas ou antigas. No início, fui resistente, mas daí vi o quão bom era o roteiro. Se tivesse sido criada para se passar na Idade da Pedra ou agora ou depois, se a escrita é boa, eu estarei sempre disposto. Esta versão com este script me fez acreditar que valeria a pena.

O que você gostou mais de fazer neste especial em relação a série normal?

Nada! Nada em particular. Isso não é para soar como se eu não estivesse gostando, mas não tem nada de tão diferente. É apenas um episódio agradável.

Você e Benedict costumam se encontrar durante os intervalos de gravação da série ou é um daqueles casos em que somente se reencontram nas gravações e dizem "Oi!"?

É mais ou menos essa situação, pois Graças a Deus estamos ambos trabalhando! Nós temos nossos trabalhos, nossas vidas e tudo mais. A minha família toma muito do meu tempo e, mesmo quando não estou trabalhando, é isso o que estou fazendo: tentando ser ficar próximo deles ou apenas fazendo as coisas normais que os pais fazem. Então não, nós não nos encontramos muito.

Aonde é que Sherlock se encaixa na sua carreira? É algo que você espera poder manter no futuro?

Eu acho que sim. Eu sempre pensei em participar da série enquanto alguém ainda queira produzi-la. Mas acredito também que no momento em que você não quer mais fazer algo, você deve parar. A não ser que seja o casamento, porque aí você tem que se esforçar [risos] Você não deve desistir assim que você se sente assim. Você deve, pelo menos, trabalhar nisso por pelo menos uma semana. Enquanto estivermos livres e nos divertindo... Eu sei que é uma boa série, todos nós sabemos que é. A verdade, porém, é que tem sido mais e mais difícil de se manter, essa é a verdade.

Passar tanto tempo longe de casa é algo que você está tentando evitar?

Mais ou menos, por mais que não exista a menor possibilidade disso acontecer! Bem, na verdade há - se eu parasse de atuar, mas isso significaria abrir mão de grandes oportunidades.
Se bem que, ainda assim, a minha família vem em primeiro lugar... mesmo que esta venha logo em seguida, pois já fazia antes mesmo de conhecer a Amanda e antes de me tornar pai, logo, sou muito passional em relação ao meu trabalho. Mas sim, eu não quero ficar ausente o tempo todo, a verdade é essa. Tem que ser algo que realmente eu queira fazer muito para me ausentar.

John Watson estava de bigode na terceira temporada e agora nesse especial. Os fãs podem esperar mais pêlos faciaisna quarta temporada de Sherlock?

[Risos] Não sei, mas vou tentar ter o controle disso para que na quarta temporada Steven ou Mark não pensem em tornar isso uma rotina e eu acabe parecendo com o Robinson Crusoe ou ...

Parecem haver algumas similaridades entre os trajes da versão de David Burke e Jeremy Brett com trajes de Sherlock e John nesse Especial. Isso foi feito de forma deliberada?

Não, não foi. Acredito que eles fizeram da forma deles e nós estamos fazendo da nossa, porém ambos se mantendo totalmente fiéis ao período. O material de consulta está aí para quem quiser ter acesso. Assim como acontece com eles, um de nós é menor que o outro e um de nós usa um bigode, mas acredito que passado isso, não seja algo consciente. É algo que está nos livros, nas imagens e fotografias. Se limita somente a isso, mesmo. Mas eles fizeram da forma certa! Eu ainda adoro assistir.

A noiva abominável vai ao ar no dia 1º de janeiro de 2016.

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