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Após última temporada, Moffat e Gatiss falam sobre Sherlock, representatividade e a satisfação da audiência



A aparição de Mark Gatiss e Steven Moffat na Union, na sexta-feira (20), não poderia ter sido mais oportuna, poucos dias após a exibição do último episódio da quarta temporada de Sherlock, no domingo passado. Embora a série ainda tenha seus momentos verdadeiramente inspiradores, eu, assim como muitos, temos ficado cada vez mais desapontados com seu rumo ao longo dos anos. A chance de se sentar com Moffat e Gatiss e discutir as voltas e voltas que série deu era algo que eu não poderia perder.

Falando com a The Cambridge Student antes da aparição na Union, a conversa quase que imediatamente chegou à questão da representatividade - talvez a maior falha que os telespectadores de Sherlock encontraram na série. Uma rápida pesquisa no Google irá revelar intermináveis ​​blogs, posts, artigos e tweets apontando aspectos de sexismo, racismo e homofobia, particularmente girando em torno da ausência de grandes personagens femininos.

Quando perguntados sobre como lidam ao pisarem na linha tênue que separa a representatividade do tokenismo dentro da série, Gatiss responde: "Não vejo por que um programa tem que se tornar o tipo de cálice sagrado para as expectativas de ninguém. Eu simplesmente não acho que isso é justo. A série é extremamente popular e fazemos o nosso melhor de todas as formas possíveis. "

Moffat concorda, ressaltando que "Na verdade, o universo da série é um mundo bem pequeno, então, não podemos colocar tudo lá dentro. Mas, levando para a outra série... Doctor Who, acredito que possa se fazer mais, e deva de fazer mais. E estamos trabalhando duramente a cada ano para tentar e fazer melhor. Mas a perspectiva que eu sempre uso é a de que eu não devo pensar sobre isso - e ninguém deveria pensar sobre isso - como algo pra 'satisfazer os ativistas' ou 'satisfazer a pressão dos grupos'. Não é isso que é importante. O que você tem que dizer às crianças é que todos são bem-vindos, e que há um monte de gente como você, e todos vocês pertencem ao espaço lá fora, no futuro, e isso é o que importa. O ato de encaixar na série algo só porque dizem que você tem que fazer nunca vai funcionar, porque sempre vai terminar no chamado tokenismo."
 
Gatiss sugere que o problema geral vem com consistência com a qual os programas estão sendo confrontados sobre a questão.
 
"Há um programa que você não vai se lembrar", diz Gatiss, "chamado It Ain't Half Hot, Mum’, era um sitcom ambientado durante a guerra e não é mais permitido ser exibido porque um dos atores está vestido como se fosse um índio, fingindo ser um índio. E teve um comitê especial para dizer que esse programa nunca mais poderia ser visto. E então, na semana passada, no horário nobre de ITV, na manhã de sábado, eles mostraram 'Carry On Up The Jungle', com Bernard Bresslaw completamente pintado de preto, e ninguém diz uma palavra. Então, o problema é que não é algo consistente. Haverá um grupo de pressão muito estridente dizendo uma coisa, e um erro gigantesco acontecendo em outro lugar ".

Alguém na plateia pergunta-lhes abertamente o que pensam sobre as acusações de que todas as mulheres em Sherlock ou são diminuídas ou são mortas, ao que Moffat imediatamente responde: "Eu não acho que seja verdade." e complementa "se você não gosta de séries em que pessoas são assassinadas ou que não ganham sempre as discussões, então não assista Sherlock. Ele é um homem ligeiramente paternalista que resolve assassinatos."

Parece que Moffat e Gatiss acham difícil encontrar o equilíbrio entre o entretenimento e a representatividade e caso eles tivessem que escolher, escolheriam o primeiro em vez do último. Ainda assim, Moffat acha que "é ótimo que esses grupos de pressão existam, porque são esses os grupos em favor de uma boa causa. Eles são importantes, essas coisas importam bastante. Mas não é porque não acontece tudo o que esses grupos querem que aconteça, que isso significa que as pessoas não concordem com eles. Simplesmente, nem tudo é possível o tempo todo. Mas acredito que, em toda a indústria, estamos todos tentando melhorar. Não é tão fácil como todos presumem que seja.
 
A maioria da ira contra Sherlock é encontrada nas redes sociais e ambos os escritores são cautelosos sobre a raiva e a frustração contra o programa e contra eles próprios, com Moffat até mesmo escolhendo excluir sua conta no Twitter para escapar da loucura. Moffat acredita, entretanto, que é fácil cometer esses erros, e diz que "a maioria de nós diz coisas ruins sobre pessoas que não estão na nossa frente".

"A rede social é uma enorme espada de dois gumes", diz Gatiss, "uma mistura aterrorizante de coisas - é assustador o quão facilmente somos manipulados".

Claro que nem tudo é desgraça e tristeza e os dois escritores também compartilharam algumas curiosidades interessantes sobre a quarta temporada. Quando perguntado por quanto tempo essa trama tem sido trabalhada, Moffat  respondeu que "às vezes a melhor coisa que você faz é uma improvisação de última hora. Por exemplo, nós amamos muito a cena de Molly Hooper em "O Problema Final", e essa foi a última cena que escrevemos, porque ninguém tinha gostado da cena original, todos pensaram que era um lixo. Todos exceto eu e Mark, que achávamos que era maravilhosa. Mas acabamos cedendo e escrevendo uma cena diferente. Acho que foi a melhor coisa no episódio, e foi adicionada de última hora"


"Há também coisas curiosas", diz Gatiss, "que você geralmente não percebe de primeira. Na Queda de Reichenbach, Sherlock diz 'como você vai fazer isso então, queimar o meu coração?' E Moriarty diz: "Bem, esse é o problema, Sherlock, O Problema Final." Isso agora parece muito inteligente, porque o último episódio se chama 'O Problema Final'. Nós somente decidimos chamá-lo de 'O Problema Final' no último minuto, nós iríamos dar outro nome! Então agora é algo inteligente em retrospecto".

Eles também compartilharam algumas dicas para estudantes esperançosos que querem trabalhar no cinema e na indústria de TV: "Não existe essa coisa de 'talento para escrever'. É tudo sobre trabalhar mais do que outras pessoas - é o código simples do universo!"

E quanto à temporada 5?

"Ninguém é contra a ideia", diz Moffat, "mas isso levará uma eternidade."

3 comentários:

  1. Gente, sou mulher e não vejo problema algum com os personagens femininos na série. Sherlock é uma série que conta as aventuras de 2 amigos que resolvem crimes. Em nenhum momento eles desrespeitam as mulheres, Sherlock é arrogante como qualquer um não só coma Molly, Mary etc.Imagina se todos os Greg(s) do mundo se ofendessem pq para o personagem isso não é nome kkk... Girls é uma série de garotas e ninguém questiona os personagens masculinos que servem de joguinhos entre as amigas. Sex In The City tbm, e por ai a fora. Concordo com Moffat e Gatiss, às vezes um programa de T.V é só um programa de T.V., criticam os caras por descaracterizarem personagens femininos e aplaudem J.LO e Beyonce que vivem rebolando vestindo nada, como se toda mulher pra ser aplaudida tivesse que rebolar e usar trajes mínimos. enfim, hipocrisia...

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    1. Isso é a mais pura verdade falou tudo hipocrisia!!

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    2. Ei, falou bem. Eu acho que os escritores mandaram bem com suas personagens femininas. Molly por exemplo, foi criada com o objetivo de provar que Sherlock não tem interesse em mulheres. Um personagem que poderia ser alçado facilmente como "a mocinha" da historia, mas não foi. Molly era atipica porque foi feita para não ficar com o heroi no final.

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