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Gatiss e Moffat falam sobre os desafios de ambientar o seriado à época original

Todas as perguntas que nos fizeram há seis anos atrás agora estão sendo feitas de forma inversa. Como iremos lidar? Da mesma maneira que Doyle fez!

Quando que surgiu a ideia para uma versão vitoriana de Sherlock?
Mark Gatiss:
Foi enquanto estávamos fazendo o photoshoot pra terceira temporada de Sherlock. Eu e Moffat estávamos congelando naquela noite fria e começamos a pensar nessa possibilidade.

Steven Moffat: Acho que podemos nos orgulhar em dizer que conseguimos encontrar em Benedict e Martin o Sherlock Holmes e o Doctor Watson da nossa época - podemos finalmente dizer que se trata de um grande sucesso. Parte do impulso surgiu durante uma conversa minha com o Mark em que falamos que seria realmente um desperdício se não aproveitássemos a oportunidade que tínhamos e colocássemos o elenco no cenário original dos livros. Rathbone e Bruce fizeram isso, dando vida aos personagens tanto na época vitoriana quanto na moderna, então Cumberbatch e Freeman também poderiam fazer o mesmo. Era irresistível a ideia de fazer um especial vitoriano e dizer que aquele seria o resultado se tivéssemos, desde o início, feito a série na época original. Fizemos tudo como manda o figuro, fizemos devidamente vitoriano e, inclusive tivemos que refazer o cenário do 221B.

E o que aconteceu quando vocês contaram ao restante do elenco sobre a ideia?
MG:
Bem, foi um tanto quanto inusitado quando contamos a ideia pro Benedict e pro Martin, pois até então somente Rathbone e Bruce tinham feito isso. Porém desde o momento em que nos apaixonamos por Sherlock Holmes e Doutor Watson em sua aparição original, toda a ideia de ambientá-lo no século XXI acabou se tornando a parte mais empolgante. Mas é óbvio que lâmpadas a gás, cartolas, carruagens e todas aquelas parafernálias góticas obviamente tornaram tudo ainda mais irresistível. E este será o décimo episódio de algo que se tornou um sucesso internacional inacreditável, então nós meio que ganhamos o direito de realizar essa nossa vontade.

Você teve que convencer os atores?
MG:
Não, ainda mais porque o Ben estava ansioso por um corte de cabelo desde o início da série. Chegamos pra ele e falamos de uma vez 'Se passa em 1895, nós vamos fazê-lo ...", dissemos a ele a história, a trama e tudo mais.
Ele ficou prestando atenção e depois disparou "Vou poder cortar o cabelo?" Simples assim. E o Martin simplesmente adorou a ideia.

Houve algum desafio?
SM:
Logo de cara, mesmo antes de posicionarmos a câmera para começarmos as filmagens, já sabíamos que teríamos problemas por conta da ambientação. Não poderíamos gravar pelas ruas de Londres.

Precisamos recriar a Londres Vitoriana através do CGI. Em termos de roteiro, queríamos manter os personagens fieis a nossa versão ao mesmo tempo em que queríamos enquadrá-los a ambientação de Doyle, uma apresentação dos personagens mais próxima a dele. Não acredito que a forma de falar do personagem no período atual e no vitoriano seja tão diferente, eles falam quase que da mesma forma. Inclusive, se você parar para analisar a nossa versão moderna, vai notar que ele parece mais Vitoriano a cada ano porque Benedict se encaixa nesse perfil. Já com Doutor Watson é um pouco diferente. Ele se comporta mais como o tradicional Doutor Watson, porém você nota que tem algo a mais acontecendo.

Quando tudo começou, vocês foram perguntados como Sherlock iria lidar com um mundo de e-mails e smartphones, e agora? Como vocês irão lidar com o personagem voltando a um período sem tecnologia?
MG:
Todas as perguntas que nos fizeram há seis anos atrás agora estão sendo feitas de forma inversa. Como iremos lidar? Da mesma maneira que Doyle fez! O fato é que, como respondemos lá no início da série, Sherlock era um homem moderno.

Se você ler as histórias originais, está tudo lá! Há um telefone em Baker Street, por exemplo. Sherlock não vivia num mundo antiquado - ele queria tudo o mais rápido possível

Como os fãs irão reagir a ambientação Vitoriana da série?
SM:
Há um bom tempo atrás a pergunta foi justamente inversa: como os fãs iriam reagir à obra sendo ambientada nos dias de hoje? Eu acho que se eles gostam de Sherlock, eles iriam gostar desse episódio. É um episódio muito, muito diferente. Como se costuma dizer, um episódio muito especial.

O que faz com que o personagem seja esse sucesso por tanto tempo?
SM:
É muito difícil de saber porque um personagem como Sherlock Holmes continua sendo tão admirado mesmo após cem anos, sendo, sem sombra de dúvidas, o maior sucesso da ficção. Mas o motivo? Talvez a melhor resposta, mesmo sendo a mais idiota é porque é muito, muito bom. As pessoas quase que esquecem o quão boa essas histórias são. São dois personagens incríveis e as histórias são magníficas.

MG: Sherlock Holmes é o personagem mais retratado em toda a ficção, já existe uma tradição estabelecida em países como Japão, Rússia e diversos outros lugares. Então é meio como que empurrar uma porta já aberta. Se você soubesse o segredo de tamanho sucesso, você pegaria a fórmula e a venderia, não? Porque seja lá o que a gente esteja fazendo certo, o resultado aparece na tela!

Como Sherlock Holmes influenciou os seriados atuais sobre detetives?
SM:
Todo e qualquer detetive de personalidade forte, misteriosa, interessante, intrigante é descendente de Sherlock Holmes - todo mundo sabe disso. Não me refiro nem a nossa versão de Sherlock Holmes, me refiro ao original da Strand Magazine.

Todos os outros vieram a partir dele, isso é óbvio e ninguém pode negar. A idéia de que o grande detetive também era meio que uma aberração veio com Doyle. Você sabe que o personagem não é apenas esperto, ele é louco. Se você prestar atenção em todos aqueles grandes detetives, vai ver que nenhum deles é normal. Nenhum deles se assemelha, de qualquer forma, a um detetive normal ou faria o que um detetive normal faz - a acumulação metódica de dados. Eles trabalham inspirados em 'insights' e, socialmente falando, são sempre um tanto deslocados. Todos esses grandes detetives derivam de Baker Street.

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